Freyzer, idealizador e fundador do Instituto, nasceu e passou boa parte de sua infância nas comunidades da região da Serra da Valéria. O artista é profundo conhecedor da realidade e os desafios enfrentados por aqueles que moram no interior da região amazônica. A complexidade da vida na floresta é marcada pelas suas riquezas naturais e culturais, mas também pelas dificuldades logísticas e fatores de vulnerabilidade social aos quais as comunidades locais estão sujeitas. Retornar à região e criar o Instituto Serra da Valéria foi a forma que Freyzer encontrou de retribuir por tudo o que recebeu e aprendeu na sua infância, e de gerar oportunidades para as crianças ribeirinhas. O artista sempre contou com o apoio da família, e na escola, o que contribuiu sobremaneira para o sucesso de seu trabalho como artista profissional. Em contraste, Freyzer percebe que há muitas crianças crescendo como ele, na região da Serra da Valéria, mas cuja sorte e oportunidades são parcas ou quase nenhuma, devido a diversos fatores. Essas crianças tem mais dificuldade para se desenvolver plenamente, e se tornam vulneráveis aos problemas sociais existentes na região, contribuindo para a perpetuação das desigualdades socioeconômicas no norte do país.

Além de um compromisso ético, garantir condições e oportunidades para o desenvolvimento infantojuvenil nas comunidades ribeirinhas, é também

uma forma de incentivo para o desenvolvimento sustentável dessas comunidades e preservação da própria floresta amazônica. Minimizar as desigualdades de acesso à informação e condições de vulnerabilidade social tem o potencial de promover a perpetuação de uma relação harmoniosa dessas comunidades com o seu ambiente, à medida que elas crescem e se desenvolvem.