Palafita & Arte - 2ª Edição

“Pintar uma palafita é como escrever poesia em madeira viva. Aqui, cada cor tem cheiro de rio e cada traço carrega o olhar de uma criança.” Freyzer, 07.2025

O projeto Palafita & Arte converge arte, educação e meio ambiente, com o intuito de promover transformação social. Para além de pintar casas de palafita, o projeto busca aproximar a arte do cotidiano ribeirinho, como uma forma de manifestar a valorização da cultura ribeirinha, e promover o bem-estar e o desenvolvimento comunitário. Em 2025, a nova edição do projeto apresenta um caráter educacional voltado para as questões ambientais. Na fachada de cada casa, é representado um animal ameaçado de extinção da fauna brasileira com ocorrência no bioma amazônico. Ao todo, foram cerca de 35 espécies representadas em 38 murais à beira do rio, formando uma verdadeira galeria a céu aberto no interior do Amazonas.

O projeto foi idealizado pelo fundador do Instituto Serra da Valéria, Freyzer, e contou com a colaboração de outros artistas brasileiros – dentre eles Liadora, André Hullk, Hiaguito, Sandel, Caio Cruz e Clarissa Barbosa – voluntários e moradores da comunidade local.

Os artistas participaram de forma voluntária e o trabalho foi desenvolvido de forma colaborativa, com a participação ativa da comunidade. Em especial, há uma importante contribuição das crianças no processo da pintura das casas, o que possibilita trocas e aprendizados mútuos entre elas e os artistas convidados, reforçando nosso compromisso com a educação artística e o fomento ao envolvimento e protagonismo da comunidade nas ações.

Confira as imagens das artes dessa edição do projeto e mais informações sobre os artistas participantes na Galeria deste site.

Sobre os artistas

Freyzer

Freyzer é um artista autodidata cuja obra nasce de uma profunda relação simbiótica com a natureza — elemento central em sua vida e presença marcante em seus desenhos, pinturas e esculturas. Nascido em 1988 na comunidade ribeirinha da Boca da Valéria, região de Parintins (AM), foi apresentado ao mundo da arte ainda na infância, por meio da convivência com turistas que, todos os anos, visitam sua comunidade durante a temporada de cruzeiros no Amazonas.

Essa troca cultural desempenhou um papel fundamental na formação do artista. Aos 8 anos, Freyzer já criava desenhos e esculturas em argila e, mesmo criança, se via como um criador em plena atividade, navegando entre o desenho e a escultura enquanto construía sua identidade artística.

Ao longo de 12 anos, trabalhou a bordo de navios de cruzeiro de luxo como Holland America Line, Silversea Cruises, Crystal Cruises e Viking Cruises, experiência que o levou a conhecer 105 países e ampliar suas referências visuais e humanas. Sua trajetória internacional consolidou um olhar cosmopolita, mantendo, no entanto, as raízes amazônicas como essência de sua expressão artística.

Entre os grandes marcos de sua carreira, destaca-se a atuação como desenhista da grife Victoria’s Secret, durante 3 anos, além de retratar figuras como Neymar Jr., a filha do ex-presidente Bill Clinton e diversas modelos e personalidades de renome internacional. Suas obras figuram entre as mais valorizadas no mercado contemporâneo, com colecionadores em Mônaco, Estados Unidos e Singapura.

Freyzer é fluente em cinco idiomas — francês, inglês, espanhol, alemão e italiano — o que lhe confere grande mobilidade e expressão internacional no circuito das artes.

Além de seu reconhecimento artístico, Freyzer também se destaca pelo compromisso com a transformação social. É fundador do Instituto Serra da Valéria, iniciativa independente que visa democratizar o acesso à arte entre crianças de comunidades ribeirinhas da Amazônia, oferecendo oportunidades de expressão e desenvolvimento em territórios historicamente invisibilizados.

Liadora

Pintora e ativista socioambiental, natural de Minas Gerais, Brasil. Graduada em Medicina e especialista em Medicina de Família e Comunidade, escolheu se dedicar à pintura e a projetos sociais com foco em educação, arte, meio-ambiente e desenvolvimento comunitário, como forma de promover saúde coletiva. Inaugurou a sua carreira artística durante o seu trabalho como médica da saúde indígena, entre 2021 e 2024, no território indígena Tupinikim-Guarani, Espírito Santo, Brasil.

Nesse período, coordenou os projetos Oficina Mbómonhang e o coletivo Ma’enduara, voltados para a educação artística, valorização das culturas indígenas, e registro de memórias e saberes dos povos desse território.  Em parceria com o artista Freyzer e Instituto Serra da Valéria, está desenvolvendo o projeto Palafita & Arte, nas comunidades ribeirinhas da Serra da Valéria, no município de Parintins, Amazonas, desde maio de 2025.

Sandel

Sandel é artesão, escultor, desenhista e também atua na produção de roupas. Sempre engajado no ativismo, busca incentivar as crianças da sua comunidade, usando a arte como ferramenta de esperança e inspiração para que sonhem com um futuro melhor.

O jovem artista cresceu na comunidade São José do Laguinho. Desde pequeno, foi inspirado pelas histórias do pai, avô e tios, que sempre contavam suas vivências, pescas, caçadas e “visagens”. Essas memórias se tornaram base para suas criações, onde ele representa como imagina cada história.

Ao longo dos anos, Sandel se aprofundou nos saberes do xamanismo e na cosmovisão indígena, honrando suas raízes afro-indígenas. Em suas experiências espirituais, acredita que o espírito nunca morre, apenas muda de forma: hoje humano, amanhã uma árvore, um animal, ou outro ser. Tudo está conectado a algo maior.

Por isso, em suas obras, é comum ver animais cobertos de musgos, simbolizando a simbiose da vida. Os adereços indígenas representam o espírito de quem já foi humano, reforçando que nada apaga o que fomos ontem, o que somos hoje e o que seremos amanhã. A essência continua, mesmo em outros corpos.

Hiaguito

Artista visual, natural de Parintins, que expressa em seu grafite a força viva das raízes amazônicas. Desde os 12 anos, transforma muros, palafitas e territórios em verdadeiras telas que retratam rostos, memórias e as resistências dos povos tradicionais e afrodescendentes.

Atualmente, ele integra o projeto Palafita&Arte, que transforma a comunidade ribeirinha da Boca da Valéria em uma galeria viva, onde a arte se mistura com a paisagem, a cultura e a ancestralidade local.

Sua obra carrega um olhar sensível e profundamente conectado com o território e suas raízes, capaz de atravessar geografias e provocar reflexões sobre identidade, pertencimento e resistência.

O Instituto Serra da Valéria e toda a comunidade expressam gratidão por esse artista que, ao compartilhar sua arte, espalha beleza, memória e a força do povo amazônico para o mundo.

André Hullk

André Hullk é designer gráfico, ilustrador, artista visual e arte-educador, nascido em Manaus. Atua com graffiti desde 2010 e, a partir de 2013, passou a se destacar em eventos, exposições e festivais nacionais com obras que valorizam a cultura amazônica e a resistência dos Povos Originários.

Seu trabalho une arte, ativismo e educação, levando oficinas criativas para aldeias, escolas e comunidades ribeirinhas em todo o Brasil. Acredita na arte como ferramenta de transformação social e na importância de trazer as vivências dos territórios ancestrais para o cotidiano urbano.

Caio Cruz

Caio Cruz é pintor e professor de pintura e desenho desde 2014. Natural do Espírito Santo e graduado em música, migrou para as artes visuais impulsionado por uma busca mais íntima e expressiva. Formou-se sob a orientação de consagrados mestres brasileiros, aprofundando-se na tradição da pintura clássica barroca na The Florence Academy of Art, na Itália. Sua obra, centrada na figura humana, mescla realismo técnico a uma carga simbólica e poética, explorando memórias, afetos, vivências e tensões da existência contemporânea. Participou de exposições no Brasil e no exterior.

Atualmente, vive em São Paulo, onde mantém uma casa-estúdio — um espaço de encontro, criação e partilha com alunos, clientes e amigos, que futuramente integrará uma galeria de arte e um programa de residências artísticas.

Clarissa Barbosa

Artista visual nascida em Duque de Caxias, Baixada Fluminense do RJ.

Pintora e fotógrafa, utiliza as múltiplas linguagens pra difundir sua arte. 

Quando criança desenhava de forma autodidata e foi assim também seu início na pintura.  Na juventude participou da ONG Spectaculu como aluna de figurino, hoje é estudante de Artes Plásticas na UFES, onde segue ampliando sua visão estética e social.

Desde sempre foi sensível às causas animais, e esse foi um dos motivos que a trouxeram pro Projeto Palafita&Arte .

Sua produção artística dialoga com temas sensíveis de autorreflexão e é no detalhe, na textura e nas cores que ela comunica e emociona.

Levi Gama

Idealizador do Estúdio Buriti, artista da Galeria Ziv , instrutor na Casa Locomotiva é artista visual, muralista , ilustrador e quadrinhista.

Já realizou um Grafite em Florianópolis no evento do Street Art Tour com a arte: “O Ancestral”.Em São Paulo já atuou como expositor nos eventos de HQs: Perifacon, Feira Ogra e o Educa HQ em Manaus expôs trabalhos na Casa das Artes, Galeria do Largo, Palácio da Justiça e Usina Chaminé. Como Palestrante participou da 27° Bienal Internacional do Livro de São Paulo, “Da Quebrada para a Quebrada: Vozes Periféricas e da oficina de formação do Educa Hq. Como Muralista atuou no projeto Mitográfico e, recentemente, participou na Galeria Cidade aberta 2024 com o Mural Cobra-canoa.

Atualmente está desenvolvendo o trabalho de animação: Cosmovisão e de trabalhos para exposições e Histórias em Quadrinhos. Recentemente o Estúdio Buriti está em parceria com a Amazônia de Pé.

Renan Oliveira

Renan Oliveira, Artista Visual e Arte-Educador em formação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Natural de Parintins, Amazonas, traz em seu trabalho a essência da vivência interiorana, traduzida em traços marcantes e narrativas visuais que dialogam entre o manual e o digital. 

Atuante no campo das artes visuais desde 2022, integra o Estúdio Buriti desde 2023, onde desenvolve ilustrações que exploram identidade, memória e a riqueza cultural amazônica. Sua produção busca não apenas a técnica, mas a expressão autêntica, um registro artístico que evidencia tanto o traço singular quanto as raízes que o inspiram.

Talia Lorena

Meu nome é Talia Lorena, tenho 22 anos, sou natural do interior de Parintins (AM), integrante do Estúdio Buriti e atualmente graduanda em Artes Visuais pelo ICZES (UFAM). Minha poética artística gira em torno do mítico, explorando conexões simbólicas e estéticas entre a cultura tradicional de Parintins e elementos da cultura japonesa. Através das minhas vivências, busco criar diálogos visuais que entrelaçam diferentes cosmovisões, revelando pontos de encontro entre o imaginário amazônico e oriental.

Kamy Wará

Kamy Wará é artivista indígena do povo Sateré-Mawé do clã Waraná , 21 anos, acadêmica de Artes Visuais pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Sua trajetória une arte, ancestralidade e resistência, expressando-se por meio do grafismo indígena, muralismo, ilustração e oficinas que compartilham os saberes do seu povo. É uma das que compõe a frente da marca Puratig’Baobá e integra o Estúdio Buriti, coletivo que atua com arte, educação e memória dos povos da Amazônia.

Kamy também participa ativamente do Festival Folclórico de Parintins, realizando pinturas corporais na população e contribuindo com itens do Boi Garantido, como a cunhã-poranga Isabelle Nogueira e mulheres tuxauas.

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